segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

OS ACIDENTES E A SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL




Pesquisas recentes realizada pela revista Proteção detectou, ainda, a construção civil como um dos setores onde mais ocorrem acidentes envolvendo mortes ou incapacidades físicas em seus trabalhadores. Os dados estatísticos do ano de 2008, apresentam 116 óbitos para o setor de construção civil, vindo este a perder apenas para o setor de Transporte rodoviário de cargas com 251 fatalidades no trabalho (Fonte AEAT 2008). Essas duas atividades concentram o maior número de mortes (28%) e de incapacidades (18%), conforme o Ministério da Previdência Social (Revista Proteção Jan/2011).

Embora haja uma Norma específica para as atividades na construção civil, no tocante a NR-18, esta ainda está distante de ser praticada pela maioria das empresas, vindo então os trabalhadores a padecer por ambientes de trabalhos impróprios e repleto de riscos em potencial que podem vir a comprometer sua integridade física. No entanto a grande rotatividade e a mão de obra desqualificada desses profissionais, agravada com o descaso das empresas do setor, juntas contribuem para manter a construção civil no status de descomprometimento com a saúde e qualidade de vida dos seus funcionários.

Afim de tentar dar novos rumos ao panorama atual deste setor, a FUNDACENTRO dispõe em seu site de livros e manuais para auxiliar prevencionistas e trabalhadores da área da construção civil quanto aos riscos de acidentes das atividades, assim como os métodos adequados para evitá-los ou controlá-los.
Para os envolvidos diretamente na segurança, os materiais apresentados no site certamente trará informações úteis no desenvolvimento de diretrizes para controle dos riscos e capacitação dos funcionários.
São várias publicações disponíveis para download, com temas específicos a diversos setores, porém vale destacar os assuntos envolvendo a segurança na construção civil.
Veja no link a seguir: ACERVO - FUNDACENTRO

Segurança Sempre!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MÉTODO NIOSH




Falando ainda em Ergonomia, o post de hoje será uma referência ao artigo publicado no site: http://topergonomia.wordpress.com/2008/04/01/ferramentas-ergonomicas-niosh/. Que descreve com riqueza de detalhes um dos métodos mais utilizados para análise de riscos ergonômicos nos locais de trabalho, o método NIOSH.
O link acima pode ser acessado para conferir o artigo na íntegra.

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Como surgiu o Niosh?

Em 1980, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento de um método para determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa atividade de trabalho – NIOSH – Work Practices Guide for Manual Lifting (1981).

Para isto, um grupo de pesquisadores reuniu-se para a formulação de um método consistente sobre o assunto, levantando referências bibliográficas de todo o mundo e concluíram que este método deveria levar em conta quatro aspectos básicos:

o epidemiológico –> Que é o estudo das doenças, sua incidência, prevalência, efeitos e os meios para sua prevenção ou tratamento (Barbanti, 1994).

o psicológico –> que considera o comportamento humano numa determinada situação. No caso do trabalho, observamos que a imposição de certas tarefas depende da aceitação do próprio trabalhador;

o biomecânico –> levando em conta as estruturas e funções dos sistemas biológicos, usando conceitos, métodos e leis da mecânica;

o fisiológico –> estudando as funções do organismo vivo. Procurou-se por meio da fisiologia do exercício, estudar as funções do organismo em relação ao trabalho físico.

O que ficou estabelecido?


Estabelecido um critério não baseado em determinada carga, acima da qual seria problemático e abaixo da qual haveria segurança, nem se basearam em estabelecer uma freqüência máxima, nem uma técnica especifica para se fazer um esforço.

O método utilizado estabeleceu que, para uma situação qualquer de trabalho, no levantamento manual de cargas, existe um L.P.R. O L.P.R, uma vez calculado, compara-se com a carga real levantada, obtendo-se então o Índice de Levantamento (I.L).

Assim, estipula-se que se o valor do I.L, for menor que 1.0, a chance de lesão será mínima e o trabalhador estará em situação segura; se o valor for de 1.0 a 2.0, aumenta-se o risco; e se a situação de trabalho for maior que 2.0, aumentará o risco de lesões na coluna e no sistema músculo-ligamentar (Waters, 1993; Couto, 1995).


Segundo os pesquisadores uma carga abaixo dos limites recomendados:


• a incidência de lesões dorsais e de acidentes não aumenta significativamente;

• a carga limite induz uma força de compressão da ordem de 350 kg sobre o disco L5-S1, que pode ser tolerado pela maioria dos trabalhadores jovens e em boas condições de saúde;

• o gasto energético ultrapassaria 240 Watts quando a tarefa é superior a CLR;

• mais de 75% das mulheres e 95% dos homens são muscularmente capazes de levantar cargas   correspondentes a CLR.


A Fórmula de cálculo

Limite de peso recomendado:

•LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC ou;


•LPR = 23 x HM x VM x DM x FM x AM x CM

Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser manuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, compreendendo:

•FDH (Fator de Distância Horizontal em relação à carga) = 25 cm;

•FAV (Fator de Altura Vertical em relação ao solo) = 75cm

•FRLT (Fator de Rotação Lateral do Tronco) = 0

•FFL (Fator Freqüência de Levantamento) menor que uma vez a cada 5 minutos;

•Pega da carga fácil e confortável (boa).


•Como realizar o cálculo?


Variáveis presentes na fórmula:

•FDH – corresponde a distância horizontal (em centímetros) entre a posição das mãos no início do levantamento e o ponto médio sobre uma linha imaginária ligando os dois tornozelos. Calcula-se divindo a constante 25 pela distância mensurada. Portanto se a carga está 30 cm de distância do corpo, teremos: 25/30= 0,83 (fator de multiplicação da fórmula)


•FAV – corresponde à distância vertical (em cm) das mãos com relação ao solo no início do levantamento. O cálculo se dá por meio da fórmula: 1 – (0,003 x [V-75]) – para alturas até acima de 75 cm e; 1 – (-0,003 x [V-75]) – para alturas até 75 cm . Lembramos que os números apresentados são constantes da fórmula e não devem ser modificados, cabendo apenas ao analista a mensuração da distância das mãos (na pega) no início do levantamento – Fator “V”. Por exemplo, se no levantamento de uma caixa sobre um palet de 20 cm: 1 – (-0,003 x [20-75]) = 0,835 (Fator de multiplicação)

•FDVP – corresponde à distância vertical percorrida desde do início do levantamento até o término da ação. Sua fórmula de cálculo é assim utilizada: (0,82 + 4,5/D); onde “D” é a distância total percorrida. Muitas pessoas acabam se confundindo neste fator em situações em que a carga encontra-se em alturas elevadas, como por exemplo esteiras rolantes (trabalho de sacaria). Nesta condição podemos encontrar alturas iniciais de até 200 cm (ou 2 metros). O que fazer? Na verdade o procedimento é o mesmo: se o trabalhador apanha um saco nesta altura e leva até o palet (40 cm), teremos: altura inicial (200) – altura final (40) = distância percorrida “D” (160 cm). Ai é só substituir na fórmula de cálculo: (0,82 + 4,5/160) = 0,85 (fator de multiplicação);

•FFL – o fator freqüência de levantamento é obtido por meio de uma tabela pré-estabelecida. Nesta tabela deveremos observar quantas vezes o funcionário realiza o levantamento dentro de um minuto, a duração desta atividade e a distância vertical (V) em que o levantamento acontece.
 
 

•FRLT – o fator rotação lateral do tronco como o próprio nome sugere, verifica a rotação em graus durante o transporte da carga. A fórmula de cálculo se dá por: 1-(0,032 x A). Então se um funcionário realiza uma pega a sua frente e leva até uma esteira lateral esse ângulo pode aproximar-se de 90º, então: 1-(0,032 x 90) = 0,71 será o fator de cálculo;


•FQPC – o fator qualidade de pega da carga segue alguns fatores mais qualitativos. A figura abaixo explicita algumas recomendações para se determinar a qualidade da pega:



• O Índice de Levantamento


O Índice de Levantamento (IL) do método Niosh é o que determina se uma atividade apresenta risco de lesão músculo esquelética e ainda quantifica esse risco.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o índice de 23 Kg amplamente difundido não é aplicável à todas as situações de trabalho encontradas; e sim o IL.

O IL nada mais é do que a divisão da constante (23 kg) pela multiplicação de todos os outros fatores como ja apresentados previamente.

A interpretação dos resultados segue os seguintes parâmetros:

• IL menor que 1,0 –> condição segura – chance mínima de lesão;

• IL entre 1,0 e 2,0 –> condição insegura – médio risco de lesão;

• IL acima de 2,0 –> condição insegura – alto risco de lesão.


• A utilização do método

O Niosh é um método amplamente difundido e utilizado no Brasil e no mundo. Podemos citar aqui algumas situações em que pode ser aplicado, mas não podemos nos restringir a elas:

• Análise de postos de trabalho;

• Perícias ocupacionais;

• Priorização de riscos entre diversos postos;

• Adequação à legislação;

• Simulação de projetos de melhoria – fazemos um parêntese neste ponto pois consideramos a melhor aplicabilidade do método. Por meio de simulações através dos diversos indicadores, podemos agir precisamente no posto de trabalho, melhorando os itens mais críticos ou até mesmo determinando a interrupção de uma atividade até que melhorias sejam feitas.


Segurança Sempre!